Dia da Amazônia marca início das ações da Ufra para a COP 30


A Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) deu o pontapé inicial em suas atividades rumo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) com o evento “Ufra na COP-30: gerando conhecimento para uma Amazônia sustentável”. Realizado no Dia da Amazônia, 5 de setembro, o encontro reuniu diversas personalidades e especialistas para debater o papel crucial da região e da academia na construção de um futuro mais sustentável.

O evento foi palco para a manifestação de vozes que representam a diversidade e a riqueza da Amazônia. A indígena Carla Marajoara, do povo Aruã, emocionou os presentes ao se apresentar como a primeira arquiteta e urbanista de sua comunidade. Ela destacou a importância de sua cultura e a luta contra o preconceito, afirmando que seu povo, que vive da caça e da pesca na primeira reserva extrativista do Brasil, é guardião de um vasto conhecimento sobre a floresta. 

“Tenho orgulho de dizer que somos um povo indígena. Até outrora éramos marcados como preguiçosos e que não produziam, mas hoje ao terminar a faculdade, a Ufra me abraçou, a Ufra me curou de diversos racismos”, contou.

A professora Gracialda Ferreira, presidente do Comitê institucional da Ufra na Cop 30, ressaltou o papel da universidade como uma ponte entre a ciência, a sociedade e as políticas públicas. “Trabalhar esse tema dentro da universidade é extremamente importante, tanto no processo de evidenciar as ações que a universidade já faz nesse cenários de mudanças climáticas, uso sustentável dos recursos naturais e no papel que a instituição tem na formação de profissionais que irão atuar ocupando os espaços e debatendo esses temas, seja na formação de outras pessoas, na geração de alimentos ou no uso sustentável dos recursos naturais por meio do manejo sustentável, que garanta a floresta em pé”, explicou. 

Durante o evento, a professora Gracialda apresentou a logomarca da Ufra na COP 30, desenvolvida pela Superintendência de Comunicação da universidade. A logo “Ufra na COP 30” combina tipografia em serifa, que transmite tradição e autoridade acadêmica, com o símbolo gráfico do “peixe-folha” em verde, já presente na identidade oficial da universidade, representando natureza, Amazônia e sustentabilidade. O contorno interno incorpora um grafismo estilizado, que reforça a diversidade cultural e os saberes tradicionais da região. O conjunto equilibra seriedade institucional, identidade amazônica e valores culturais, traduzindo a missão da Ufra no evento: integrar ciência, cultura e natureza em prol do futuro do planeta.

 


A reitora pro tempore Janae Gonçalves reforçou a responsabilidade da Ufra, com seus seis campi inseridos na Amazônia, em contribuir com o conhecimento gerado por sua comunidade acadêmica para as discussões da COP 30. 

“Esse momento marca a entrada da universidade na COP, pois nessas discussões nós não poderíamos estar afastados. Estamos dizendo: “nós estamos aqui e vamos discutir o local em que estamos vivendo e sobre as pessoas que compõem toda a Amazônia”. A região amazônica o mundo inteiro fala, mas fala de forma distante, eles não se encontram nesse espaço. Precisamos vivenciar a realidade para entender o que significa cuidar da nossa Amazônia”, afirmou Janae.

Em uma roda de conversa, formada apenas por mulheres representantes de instituições de pesquisa na Amazônia, foi discutido o papel das universidades no combate às mudanças climáticas, a comunicação como voz ativa do que está sendo produzido na academia. 

Raimunda Monteiro, do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, trouxe uma perspectiva histórica, defendendo que a COP 30 deve ser construída de “baixo para cima”, com a participação ativa de povos indígenas e comunidades tradicionais, e que a universidade tem um compromisso social crucial nesse processo.

“A grande mudança da COP em Belém é a metodologia de mobilização social que a presidência da COP está imprimindo. Dentro dessa metodologia a agenda de ação, que aqui, nós temos uma chave de ampla participação da sociedade por meio de todos os seus segmentos organizados. É basicamente, um acordo de Paris para os bairros, universidades, estados, países. É isso que é a metodologia e é simples”, comentou Raimunda Monteiro.

O evento também contou com a participação de outras instituições e especialistas. Ana Prudente, do Museu Paraense Emílio Goeldi, abordou a evolução da universidade e a necessidade de uma abordagem mais holística e interdisciplinar para os desafios da COP 30, incluindo transição energética, preservação florestal e agricultura sustentável.

Tatiana Deane Sá, da Embrapa Amazônia Oriental, compartilhou sua vasta experiência em pesquisa sobre sistemas florestais e agrícolas, e sua atuação no Conselho Científico sobre o Clima da ONU, reforçando a importância da ciência para as discussões climáticas. Também destacou os seis eixos da Agenda de Ação da COP 30 e sobre a mudança do modo de construção de conhecimento.

“Desde o fim do século passado existem grupos tentando mudar o modo de construção de conhecimento. Por exemplo, o Modo 1 ele procura desenvolver pesquisas voltadas às diversas questões acadêmicas, o Modo 2 é a partir de realidades sociais. É uma questão fundamental nós partimos para esse novo momento”, disse Maria Travassos.

A jornalista Vanessa Monteiro, da Ascom Ufra, destacou o papel da comunicação científica e a importância de discutir o papel das universidades e da ciência no contexto da COP 30. “O jornalismo anda lado a lado com a ciência, em períodos de grandes conflitos, a universidade é a primeira a ser atacada e a imprensa também. A universidade, porque produz conhecimento e atua junto com a comunidade, e a imprensa porque divulga esse conhecimento. Então a comunicação e a ciência estão completamente ligadas.”

O evento “UFRA na COP-30: gerando conhecimento para uma Amazônia sustentável” marcou o início das atividades da instituição relacionadas à conferência, com atividades no auditório do Pavilhão de Salas de Aula e no auditório da Zootecnia.

A programação incluiu também a exibição de filmes produzidos pela Ecofalante e por grupos de alunos da universidade (PET e outros), e a consolidação de informações de ações da UFRA a partir de grupos de trabalho envolvendo as pró-reitorias de ensino, pesquisa e extensão. 

Na área externa do Pavilhão de Salas de Aula, foi possível conhecer de perto as tecnologias sociais adaptadas para mudanças climáticas, um trabalho desenvolvido e coordenado pela professora Vania Neu.

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